sexta-feira, 30 de julho de 2010

Microalgas: os biocombustíveis do futuro?

Muito interessante a matéria que o site planeta sustentável publicou hoje a respeito das microalgas.
Soluções sustentáveis para o nosso futuro.
Vale a leitura. 
  
Maria Lúcia Ghirardi, brasileira e cientista-chefe do NREL – Laboratório Nacional de Energias Renováveis, da Escola do Colorado, nos EUA, diz que, na próxima década, veremos, no mercado, biocombustíveis feitos a partir de microalgas. Nos Estados Unidos, todas as companhias de petróleo têm investido, ainda que em pequena escala, no desenvolvimento do ramo
Microalgas são organismos unicelulares capazes de realizar fotossíntese, aproveitando a luz solar e absorvendo CO2 para sintetizar a própria biomassa. Exatamente por conta dessa definição, elas têm sido visadas, nos últimos anos, por diferentes setores, especialmente para a produção de biocombustíveis.

Nas usinas de açúcar e álcool, é possível utilizar a vinhaça – um subproduto poluente da produção do etanol – na produção de biodiesel de microalgas, que pode ser aproveitado nos próprios equipamentos do local.

Elas também são importantes para o seqüestro de CO2, o que tem atraído o interesse de indústrias muito poluidoras, como as cimenteiras, e as termelétricas. Quando as chaminés são conectadas a tanques de cultivo de microalgas, elas consomem o carbono em seu processo de fotossíntese.
 


A aviação também pretende apostar no bioquerosene a partir de microalgas dentro de alguns anos. Além disso, elas podem ser utilizadas em Estações de Tratamento de Esgoto, consumindo os nutrientes encontrados nos efluentes e contribuindo para a sua despoluição.

O número crescente de possibilidades de utilização das microalgas estimulou o Instituto Ekos a promover, com o apoio da Algae Biotecnologia, o 1º Seminário Microalgas: utilização de microalgas para produção de biocombustíveis, sequestro de carbono e tratamento de efluentes, no último dia 21 de junho. A brasileira Maria Lúcia Ghirardi, cientista-chefe do NREL – Laboratório Nacional de Energias Renováveis, da Escola do Colorado, nos Estados Unidos, foi a convidada de honra do evento.

Ela conversou com o Planeta Sustentável sobre a nova promessa no mundo dos biocombustíveis. Para a pesquisadora, entre os próximos cinco e dez anos, produtos à base de microalgas vão ganhar escala industrial. Por enquanto, os cientistas ainda possuem desafios a vencer em suas pesquisas com o material.



As microalgas atraíram a atenção do mercado nos anos 70 e, agora, em meados da última década. Qual a razão dessa retomada de interesse?
De fato, as microalgas foram alvo de muitas pesquisas após a primeira crise do petróleo, de 1970. E a fotossíntese é, realmente, um processo muito promissor para a obtenção de produtos energéticos. Mas, na época, não se chegou aos resultados esperados muito rapidamente e houve uma perda de interesse pela energia renovável de modo geral – pelo menos nos Estados Unidos. Por volta de 1995, 1996, o governo parou de investir no setor.

Agora, esse interesse voltou mais uma vez. Imagino que isso se deva tanto à volta dos altos preços do petróleo, quanto à preocupação com as mudanças climáticas, o aquecimento global. A diferença entre 30 anos atrás e agora é que, nesse meio tempo, foram desenvolvidas várias ferramentas genéticas capazes de entender melhor a biologia desses organismos e, mesmo, de manipulá-los para a obtenção de maior produtividade.

Atualmente, estamos em uma posição melhor, com mais capacidade para estudar e sintetizar produtos bioenergéticos.

Além dos Estados Unidos, que outros países estão avançados em termos de pesquisas nessa área?
A aplicação de microalgas é muito avançada em Israel, que tem um programa de cultivo de algas muito grande. Eles desenvolveram conhecimento e tecnologia avançados, que eu acredito que os Estados Unidos ainda não têm. Estamos aprendendo muito com eles. Existem outros países que também estão investindo muito dinheiro nisso: os do Norte da Europa e a China, por exemplo.

É uma área que vai ter muito sucesso, apesar de não ser imediato. Ainda vai levar de cinco a dez anos, porque requer mais pesquisas e também uma mudança de atitude das pessoas, mas é algo que tem que acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Quais os principais desafios em termos científicos e técnicos?
Há vários.

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