A reportagem, como todas as outras da revista, traz mais expectativas a respeito da matéria do que conteúdo em si. Depois de citar algumas obras que foram relançadas recentemente (como dicionários analógicos) e o mau desempenho vocabular dos candidatos à presidência no primeiro debate, surge uma lista com 10 erros de português que podem acabar com a esperança de muitas pessoas de conseguir um bom emprego.
Então, vamos a eles:
- Deixei meu emprego porque houveram algumas dificuldades na empresa em que eu trabalhava. Houve dificuldades. haver, no sentido de existir, é impessoal e não admite flexão. Nunca, em hipótese alguma.
- Ela estava meia ameaçada de falência. Meio ameaçada. Os advérbios são invariáveis. Não tem, portanto, concordância de gênero.
- Inclusive, o chefe reteu meu último pagamento. O chefe reteve: "reter" deve seguir a conjugação do verbo do qual é derivado, "ter".
- Aliás, estudei na mesma faculdade aonde o senhor deu aula. Onde o senhor deu aula: (a + onde) só cabe depois de verbos que indicam movimento. Por exemplo, "fui aonde o senhor me mandou"
- Segue anexo aqui, com meu currículo, dois trabalhos que fiz. Seguem anexos, porque são dois trabalhos: cuidado com a concordância verbal (seguem dois) e também com a concordância nominal (trabalhos anexos)
- Agora, já fazem cinco anos que trabalho nesta área. Faz cinco anos: quando o verbo "fazer" indica tempo, ele é sempre impessoal - faz um ano e faz cem anos
- Mas não terminei o curso por causa que decidi seguir outra carreira. Porque decidi: "por causa que" é mais do que errado - nem sequer existe.
- Espero que eu seje aprovado. Preciso de trabalhar. Dois erros inadimissíveis de uma vez só. Oprimeiro é a conjugação "seje", que não existe no português. Espero que eu seja aprovado é o correto. O outro erro grave é de regência. "Precisar" é um daqueles verbos cheios de truques: conforme o significado, requer ou dispensa preposição. No sentido de ter necessidade e seguido de verbo no infinitivo, ele não aceita preposição: preciso trabalhar.
- Tenho certeza de que, se eu dispor de uma boa equipe, poderei trazer mais clientes para a companhia. Se eu dispuser é o correto. Como no item 3, os verbos derivados de ter, vir e por não podem ser conjugados de forma regular. Por exemplo: se ele vier, jantaremos. E, se eu intervier essa briga vai acabar.
- Qualquer coisa que passem para mim fazer, eu entrego no prazo. Para eu fazer: antes de verbo, nunca se usa pronome oblíquo, só o pessoal é permitido
Espero que essas dicas SEJAM úteis para todos.
Luz e Girassóis.
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